Estudo revela potencialidades e desafios da Economia Solidária

Publicado em 15 de abril de 2024

​Um novo estudo realizado por professores e alunos da PUC Minas lançou luz sobre a Economia Solidária na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), destacando sua importância como uma alternativa ao modelo econômico convencional. O estudo, realizado pelo projeto de extensão da Economia Solidária (Ecosol), revelou os desafios enfrentados por empreendimentos e enfatizou a necessidade de inovação e melhoria na gestão para garantir sua sustentabilidade a longo prazo. O levantamento contou com o apoio do programa de extensão Ideias Lab: incubadora de desenvolvimento econômico e social e envolveu 105 anos da área gerencial, que oferecerão capacitação a empreendedores solidários.

“Este estudo não apenas contribui para o entendimento da economia solidária na RMBH, mas também oferece orientações práticas para fortalecer esses empreendimentos, promovendo uma sociedade mais equitativa e sustentável”, explica a professora Soraya Pongelupe, coordenadora do projeto de Economia Solidária na PUC Minas, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária – SIES, em 2015, foram registrados 1.188 empreendimentos econômicos solidários em Minas Gerais. Em 2012, três anos antes, o mesmo órgão havia catalogado apenas 238, evidenciando um crescimento significativo desse modelo, que continua se expandindo. Atualmente, de acordo com o Cadastro Nacional da Economia Solidária – (Cadsol), Minas Gerais possui um total de 2.805 empreendimentos cadastrados, distribuídos em diversas a atividades econômicas, como grupos de produção, prestação de serviços, entre outros.

A economia solidária na RMBH tem sido impulsionada por uma variedade de empreendimentos liderados principalmente por mulheres (92,6%), não brancas (69,1%), com idade igual ou superior a 50 anos e com filhos. Além disso, 71,3% não possuem outra renda que não seja a economia solidária. Esse contexto diverge do cenário nacional, indicando uma maior participação das mulheres e uma melhoria na escolaridade. Os principais motivos para a abertura dos Empreendimentos de Economia Solidária (EES) na região são a complementaridade de renda e a alternativa ao desemprego.

Embora haja avanços na organização e crescimento da Economia Solidária na RMBH, persistem desafios significativos. A falta de políticas públicas específicas, a marginalização em relação à economia tradicional e a carência de capacitação técnica e gerencial foram apontadas como barreiras importantes. Além disso, a transformação digital trouxe tanto oportunidades quanto desafios para esses empreendimentos, destacando a importância da adaptação às novas realidades trazidas pela pandemia e pela tecnologia.

As práticas de gestão dos EES na RMBH variam em sua adoção, com uma maioria demonstrando um nível moderado de aderência. Observa-se uma disparidade significativa entre as diferentes dimensões de gestão, com algumas áreas, como Gestão de Recursos Financeiros e Materiais, apresentando desafios significativos. Contudo, a pesquisa identificou a necessidade de melhorias na gestão financeira, especialmente em relação à logística de suprimentos, disponibilidade de capital de giro e acesso a financiamento externo.

A análise de agrupamentos revelou dois grupos distintos de EES na RMBH: um com maior maturidade gerencial e outro com menor maturidade. O grupo de maior maturidade gerencial demonstrou uma adesão mais alta às práticas de gestão em todas as dimensões avaliadas, enquanto o grupo de menor maturidade gerencial apresentou uma aplicação mais limitada dessas práticas. Essa diferenciação sugere a importância de estratégias diferenciadas de apoio e capacitação para os EES com diferentes níveis de maturidade gerencial.

Seminário e Feira de Economia Solidária 2024

Neste ano, o Seminário e Feira de Economia Solidária acontecem entre os dias 7 e 10 de maio. O seminário, no dia 7, na sala multimeios do prédio 14, Campus Coração Eucarístico, traz como tema Fortalecendo Raízes, Construindo Sustentabilidade: Um Olhar sobre a Economia Popular Solidária. O econtro será realizado das 8h30 às 18h e contará com apresentações institucional e cultural, painéis e oficinas.  

“O seminário sobre Economia Solidária, em 2024, será uma oportunidade única para aprofundar o entendimento sobre os fundamentos e os desafios do movimento da economia solidária, bem como para fortalecer os laços de solidariedade e cooperação entre os participantes. Esperamos que este evento contribua para o fortalecimento e a sustentabilidade da economia solidária, promovendo assim uma sociedade mais justa e inclusiva”, explica a professora Soraya Pongelupe, coordenadora do projeto de extensão da Economia Solidária.

Já a feira, que acontece entre os dias 8 e 10 de abril, reúne feirantes que comercializarão produtos como cosméticos, patês, bolos, alimentos orgânicos e vegetarianos, peças de vestuário, bolsas, artesanato, entre outros. 

Crédito da imagem: Raphael Calixto